sábado, 21 de junho de 2008

Dansk

Acabei de comprar a Dansk deste semestre.
Para quem não sabe esta é uma revista dinamarquesa, da qual eu já falei aqui antes, que além de lindos editoriais e muitas fotos estouradas em páginas duplas, traz sempre um tema que percorre e amarra toda a revista.
O tema desta última edição, Positividade, vem escrito na capa.
Mas na contra capa vem a pergunta: ou não?
Logo de cara achei interessante.
Chegando em casa, depois de uns dias super corridos, consegui sentar, ver e ler a revista.
Começei pelo editorial.
Surpresa. Ele era de uma sinceridade intrigante.
Uffe Buchar, uma das editoras-chefe, conta que depois de acompanhar os desfiles das coleções primavera-verão o8 em outubro do ano passado concluiu: Positividade, essa é a nova tendência para o próximo verão!
As roupas traziam cores vívidas, as estampas não eram apenas florais mas ramos ‘florindo’, cenários com florestas e dias de sol, sem falar das modelos dançando e literalmente rindo nas passarelas e sorrindo nas campanhas…Ela estava convencida e apostou na idéia.
Esta por sua vez foi, a princípio, recebida de forma…positiva, mas quando o trabalho realmente começou, começaram também os problemas.
Fotógrafos e stylists começaram a se incomadar com tanto ênfase na positividade e reclamaram, questionaram, queriam re-interpretar a relação entre moda e positividade que segundo eles, no fundo, não estavam assim tão naturalmente ligados…
Mas Uffe insistia e pedia: busquem cores alegres, façam as modelos sorrirem, vamos criar um joie de vivre, vamos apostar juntos nessa tendência…
Só que a verdade é que foram anos acreditando que ‘cool’ é ser frio, ter um olhar duro e um ar de inatingível. Foram anos acreditando que ser caloroso, alegre, festivo e positivo é cafona, comercial e até mesmo um pouco vergonhoso. Foram anos…
Apesar do adendo onde ela resalva que a moda também sempre apresentou um lado fantasioso, coberto de desejos e sonhos, vide a alta-costura, Uffe se pergunta: ‘mas agora que estamos chegando ao final da primeira década deste novo milênio, será que não é hora de redefinirmos nossa visão do termo-conceito ‘cool’?
O final do editorial é de uma sinceridade rara de se ver.
Ela diz que apesar de ter tentado ao máximo inspirar vibrações positivas na equipe e colaboradores, ao terminar a edição ela não conseguiu ver uma Dansk transbordando positividade e alegria na intensidade que ela havia imaginado. Que o tema não está lá em bold, imprimido em cada página e aceita a realidade e o que foi atingido no processo da criação desse número como um aprendizado mas não como um sucesso.
Por isso ela acrescentou na contra-capa a pergunta: ou nao?
Para adequar a idéia e o realizado. A idéia e a realidade.
Depois que terminei de ler o texto dela (e esta é apenas a primeira página da revista depois das publicidades e dos créditos) eu só conseguia pensar numa palavra.
Respect!

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu gosto muito de positividade.
E de respeito mais ainda.
Um beijo, minha amiga mais cool e positiva!

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