quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

SaiaCinema


Acabou no último domingo, 01-02, o Festival Internacional de Cinema de Rotterdam.
Vou falar de dois dos filmes que vi e gostei. Um brasileiro, chamado Terra Vermelha, e outro americano, Rachel Getting Maried.
Infelizmente não consegui ingressos para ver Slumdog Millionaire, vencedor do prêmio 'Melhor Filme segundo o Público'. O novo filme de Danny Boyle (Trainspotting, A Life Less Ordinary, The Beach) está dando muito o que falar além das 10 indicações para o Oscar.
Para quem quer matar a curiosidade, aqui vai o link do trailler.


Terra Vermelha é o melhor filme sobre índios brasileiros que eu já vi.
Sem cair em sensacionalismos e sem ser paternalista com a questão indígena, o filme expõe a complexidade da relação entre os índios e os brancos na região do Mato Grosso do Sul.
Não há vilões nem heróis, tanto os índios quanto os brancos usam e são usados uns pelos outros dando um nó autofágico na questão.
Este ponto de vista aparece logo nos primeiros minutos do filme. Numa sequência genial, estrangeiros passeam de barco para observar pássaros quando se deparam com alguns índios na beira do rio. Os dois grupos parecem acoados. Mas quando imaginamos que a câmera vai seguir o barco, os brancos observadores assim como nós da platéia, ela vira e segue os índios, que caminham pela mata até a estrada próxima onde uma carreta os espera. Lá eles colocam suas roupas (jeans e camisetas) e receberem um dinheiro pela aparição.
É ingênuo esperar dos índios que vivam em suas reservas como antes do contato com os brancos. As referências de ambos os mundos mudaram e não há como um negar o outro.
O filme, que foi super elogiado no TimesOnline, olha com frieza para o problema, mostra várias faces da mesma moeda e não aponta respostas. Ele simplesmente coloca com inteligência o abacaxi no colo do espectador.
Detalhe e deleite, os índios falam o tempo todo guarani! Só isso já é de uma beleza ímpar.
Outro detalhe, o diretor, Marco Bechis, é chileno e mora na Itália, o que talvez explique um pouco o distanciamento e a neutralidade alcançada.
Tirou meu fôlego, algumas horas do meu sono e dei nota 10.


Rachel Getting Married é mainstream, é filme americano com tudo de bom que a experiência de ter uma ‘Indústria Cinematógrafica’ nas costas pode trazer.
Não preciso falar do que se trata, é só ver o trailler mas os diálogos, a dinâmica, os personagens, é tudo tão bem construído e amarrado que você gruda na tela do começo ao fim.
Anne Hathaway, a atriz de O Diabo Veste Prada, dá um show e está concorrendo ao Oscar de Melhor Atriz deste ano mas ela não é a única, Debra Winger está impagável no papel da mãe.
Dirigido por Jonatham Demme (The Silence of the Lambs, Something Wild) o filme dá seu recado; roteiro bom, diálogos inteligentes e excelentes atores.
Em outras palavras, vale a pena conferir.

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails